sábado, 6 de maio de 2017

Tratado - Dia #27L - 3ª Semana


Artigo Quinto 

Comunicação da Alma e do Espírito de Maria 

217. A alma da Santíssima Virgem comunicar-se-á a ti para
glorificar o Senhor, o seu espírito ocupará o lugar do teu para se
regozijar no Senhor, seu Salvador, contanto que te tornes fiel às
práticas desta Devoção. É o que exclamava Santo Ambrósio:
“Que a alma de Maria esteja em cada um para glorificar o
Senhor; que o espírito de Maria esteja em cada um para se
alegrar em Deus” (Lc 1, 46-55). Ah! Quando virá esse feliz
tempo - diz um santo homem dos nossos dias, todo perdido
em Maria - Ah! Quando chegará esse feliz tempo em que Maria
Santíssima será constituída Senhora e Soberana dos corações,
para os submeter plenamente ao Império do seu Grande
e Único Amor, Jesus?! Quando é que as almas respirarão
Maria como os corpos respiram o ar?! Acontecerão então coisas
maravilhosas neste pobre mundo. Porque o Espírito Santo,
encontrando a sua amada Esposa reproduzida nas almas,
descerá abundantemente sobre elas, plenificando-as de Seus
dons, particularmente do dom da sabedoria, para nelas operar
maravilhas de graça. Meu querido irmão, quando virá esse
tempo feliz, esse século de Maria, em que muitas almas escolhidas
e obtidas do Altíssimo por Maria, perdendo-se a si mesmas
no abismo do interior d'Ela, se tornarão cópias vivas de
Maria, para amar e glorificar a Jesus Cristo? Esse tempo só
virá quando a Devoção que ensino for conhecida e praticada:
“Para que venha o Vosso Reino, ó Jesus, venha o Reino de
Maria!”

Artigo Sexto 

Transformação das almas em Maria à imagem de Jesus Cristo 

218. Se a árvore da vida, que é Maria, for bem cultivada na
nossa alma, pela fidelidade às práticas desta Devoção, dará
fruto a seu tempo, e o seu fruto não é outro senão Jesus Cristo.

Vejo tantas almas piedosas que buscam Jesus Cristo, umas
por uma via e uma prática, outras por outra. E, freqüentemente,
depois de terem trabalhado muito durante a noite, podem dizer:
“Embora tenhamos trabalhado durante toda a noite, não
apanhamos nada” (Lc 5, 5). E nós poderíamos dizer-lhes:
Trabalhastes muito e lucrastes pouco: Jesus Cristo é ainda
muito fraco em vós! Mas, no caminho imaculado de Maria e
nesta divina prática que ensino, trabalha-se de dia, trabalhase
num lugar santo e trabalha-se pouco. Em Maria não há
noite, porque Ela não teve nem a menor sombra do pecado.

Maria é um Lugar Santo, o Santo dos Santos, onde os santos 
são formados e moldados. 

219. Peço-te que notes o que disse: os santos são moldados
em Maria. Há grande diferença em fazer uma figura em relevo
a golpes de martelo e de cinzel, e fazer uma figura lançando-a numa fôrma. Os escultores e estatuários trabalham muito
para fazer imagens do primeiro modo, e precisam de muito
tempo. Mas, a fazer imagens da segunda maneira, trabalha-se
pouco e fazem-se rapidamente. Santo Agostinho chama a
Santíssima Virgem “Fôrma de Deus”, Fôrma própria para
formar e moldar deuses: “Sois digna de ser chamada Fôrma
de Deus”. Aquele que é lançado nesta Fôrma Divina depressa
é formado e moldado em Jesus Cristo e Jesus Cristo nele.

Facilmente e em pouco tempo será transformado em Deus, 
divinizado, pois é lançado no próprio molde que formou um 
Deus. 

220. Parece-me que posso muito bem comparar os diretores
espirituais e as pessoas devotas, que querem formar Jesus
Cristo em si ou nos outros por meio de práticas diferentes
desta Devoção, a escultores, que confiando no seu engenho,
diligência e arte dão uma infinidade de golpes de martelo e
cinzel na pedra dura ou num pedaço de madeira mal polida,
para dela fazerem uma imagem de Jesus Cristo. E às vezes
não conseguem representar Jesus Cristo ao vivo, quer por falta
de conhecimento e experiência da pessoa de Jesus, quer
por causa de um golpe mal dado, que estragou a obra. Mas,
quanto aos que abraçam este segredo de graça que lhes apresento,
comparo-os, com razão, a fundidores e moldadores que
acharam a Fôrma tão bela de Maria, na qual Jesus Cristo foi
natural e divinamente formado. Não confiando na sua própria
habilidade, mas unicamente na excelência da Fôrma, lançam-se
e perdem-se em Maria, para se tornarem o retrato vivo de
Jesus Cristo.

221. Ó bela e verdadeira comparação! Mas quem a compreenderá?
Desejo que sejas tu, meu querido irmão. Mas lembra-te que só se lança na fôrma o que está fundido e líquido.

Isto quer dizer que deves destruir e fundir em ti o velho Adão,
para que em Maria te transformes no novo.

Artigo Sétimo 

A Maior Glória de Jesus Cristo 

222. Por esta prática, fielmente observada, darás mais glória
a Jesus Cristo em um só mês, do que por qualquer outra,
embora mais difícil, em muitos anos. Eis aqui as razões do
que afirmo:

1º. Porque fazendo as tuas ações pela Santíssima Virgem
Maria, como esta prática ensina, renuncias às tuas próprias
intenções e operações, embora boas e conhecidas, para,
por assim dizer, te perderes nas intenções e operações da
Santíssima Virgem Maria, muito embora te sejam desconhecidas.

Deste modo entras na participação da sublimidade das
suas intenções. A pureza destas foi tanta que Ela glorificou
mais Deus pela mínima das suas obras (por exemplo: fiar na
sua roca ou dar alguns pontos de costura com agulha), do que
São Lourenço pelo cruel martírio que sofreu na grelha, e mesmo
do que todos os santos pelas suas mais heróicas ações. E
assim, durante a sua permanência na Terra, Maria adquiriu
uma plenitude indizível de graças e méritos. Seria mais fácil
contar as estrelas do Céu, as gotas de água do mar e os grãos
de areia das praias do que os Seus méritos e graças. Ela deu
mais glória a Deus do que todos os anjos e santos lhe deram
ou jamais darão. Oh! Que prodígio sois, Maria! Só Vós podeis
realizar os prodígios de graça nas almas que querem docilmente
abismar-se em Vós.

223. 2º. Porque esta prática faz com que uma alma considere
tudo aquilo que pensa ou faz por si mesma como sendo um
nada. Apóia-se e compraz-se apenas nas disposições de Maria,
para se aproximar de Jesus e até para lhe falar. Assim mostra
muito mais humildade do que as almas que agem por si mesmas
e se apóiam e deleitam, imperceptivelmente, nas suas próprias
disposições. Conseqüentemente, essa alma dá muito mais glória
a Deus, que só é glorificado perfeitamente pelos humildes e
pequenos de coração.

224. 3º. Porque a Santíssima Virgem digna-se receber, por
grande caridade, a oferta das nossas ações em suas mãos virginais,
e dá-lhes assim uma beleza e um brilho admiráveis. É
Ela própria que as oferece a Jesus Cristo, e não há dúvida de
que Nosso Senhor é assim mais glorificado do que se lhas
oferecêssemos nós mesmos com as nossas mãos criminosas.

225. 4º. Finalmente, porque nunca pensas em Maria sem
que Maria, em teu lugar, pense em Deus; e nunca louvas Maria
sem que Ela contigo louve e honre a Deus. Maria só a
Deus se refere, e bem lhe poderíamos chamar de a relação de
Deus, que só existe em referência a Ele, ou o eco de Deus,
porque Ela só diz e repete: “Deus”. Quando dizes Maria, Ela
diz Deus. Santa Isabel louvou-a e proclamou-a bem-aventurada
porque tinha acreditado; Maria, o eco fiel de Deus, cantou:
“A minha alma glorifica o Senhor” (Lc 1, 46). O que
Maria fez nessa ocasião, renova-o todos os dias. Quando a
louvamos, amamos e honramos, ou lhe damos alguma coisa,
é a Deus que louvamos, amamos e honramos, é a Deus que
damos por Maria e em Maria.



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