quinta-feira, 4 de maio de 2017

Tratado - Dia #25L - 2ª Semana


II. Ela os sustenta no Corpo e na Alma 

208. O segundo dever de caridade que a Santíssima Virgem
exerce para com os Seus fiéis servos é que os provê de tudo,
quanto ao corpo e quanto à alma. Dá-lhes vestes duplas, como
acabamos de ver. Alimenta-os com os manjares escolhidos da
mesa de Deus. Dá-lhes a comer o Pão de Vida que Ela própria
formou: “Meus filhos, diz-lhes Ela pela boca da Sabedoria,
enchei-vos dos meus frutos” (Eclo 24, 26), isto é, de Jesus, o
fruto de vida, que Eu dei à luz para vós. “Vinde, repete-lhes,
comei o meu Pão, que é Jesus, e bebei o Vinho do seu Amor,
que para vós preparei com o leite do meu peito” (Pr 9, 5; Ct
5, 1). Por Ela ser a tesoureira e a dispensadora do Altíssimo,
prepara uma boa parte, e a melhor parte, para alimentar e sustentar
os Seus filhos e servos. Sacia-os com o pão vivo, inebria-os com o vinho que gera as virgens (Zc 9, 17). Leva-os aos
seios (Is 66, 12). Dá-lhes tanta facilidade em levar o jugo de
Jesus Cristo que quase não lhe sentem o peso, devido ao óleo
da salvação em que o faz apodrecer: “Seu jugo apodrecerá
por causa da abundância do azeite” (Is 10, 27).

III. Ela os guia 

209. O terceiro bem que a Santíssima Virgem faz aos Seus
fiéis servos é que Ela os conduz e dirige segundo a vontade
de seu Filho. Rebeca conduzia seu filho Jacó e dava-lhe bons
conselhos, de tempos a tempos, quer para atrair sobre ele a
benção de seu pai, quer para o subtrair ao ódio e à perseguição
de Esaú, seu irmão. Maria, que é a estrela do mar, conduz
todos os Seus servos fiéis a bom porto; mostra-lhes os caminhos
da vida eterna e faz-lhes evitar os passos perigosos; leva-os
pela mão nas veredas da justiça e sustenta-os, quando estão
prestes a cair; se caem, levanta-os; Mãe caridosa que é,
repreende-os quando erram, e chega mesmo, por vezes, a
castigá-los amorosamente. Poderá um filho obediente a Maria,
sua Mãe nutrícia e diretora esclarecida, perder-se nos caminhos
da eternidade? Como diz São Bernardo: “Seguindo-a
não te desvias!” (n. 174). Não receeis que um verdadeiro
filho de Maria seja enganado pelo espírito maligno e caia em
alguma heresia formal (n. 167). Onde é Maria que guia, não
há lugar nem para o demônio com as suas ilusões, nem para
os heréticos com as suas sutilezas: “Se Ela te sustém, não
cais” (n. 174).

IV. Ela os defende e protege

210. O quarto benefício que a Santíssima Virgem presta a
Seus filhos e fiéis servos é que os defende e protege contra os
seus inimigos. Rebeca, por meio dos seus cuidados e diligências,
livrou Jacó de todos os perigos em que se encontrava.

Livrou-o particularmente da morte que seu irmão Esaú lhe
teria provavelmente dado, como outrora Caim a seu irmão
Abel, tanto era o ódio e a inveja que lhe tinha. Maria, a boa
Mãe dos predestinados, abriga-os sob as asas da sua proteção,
como a galinha aos seus pintainhos. Fala-lhes, abaixa-se
até eles, condescende com as suas fraquezas. Cerca-os para os
livrar do falcão e do abutre, acompanha-os como “um exército
posto em linha de batalha” (Ct 6, 3). Um homem, rodeado por
um exército bem disciplinado de cem mil homens, poderá temer
os seus inimigos? (n. 50). Um fiel servo de Maria, cercado pela
sua proteção e pelo seu poder imperial, tem ainda menos a temer!

Esta boa Mãe e Poderosa Princesa dos Céus enviaria batalhões
de milhões de anjos em socorro de um dos Seus servos,
antes que se pudesse jamais dizer que um fiel servo de Maria,
que n'Ela confiara, tinha sucumbido ante a malícia, o número e
a força dos seus inimigos.

V. Ela intercede em seu favor 

211. Enfim, o quinto e último grande bem que esta Mãe
amável presta a Seus fiéis devotos é que intercede por eles
junto de seu Filho, apaziguando-o com Seus rogos. Ela os
une a Ele com liames muito íntimos e nessa união os conserva.

Rebeca fez aproximar Jacó do leito de seu pai, e o bom
homem tocou-o, abraçou-o e até o beijou com alegria. Sentiu-se contente e saciado com a carne bem preparada que Jacó
lhe trouxe, e tendo aspirado com grande prazer os preciosos
aromas das roupas dele, exclamou: “Eis que o perfume de
meu filho é semelhante ao aroma dum campo fecundo, que o
Senhor abençoou” (Gn 27, 27).

Esse campo fecundo, cujo perfume regozijou o coração
do pai, não é outro senão o das virtudes e méritos de Maria.

Ela é um campo cheio de graça, onde Deus Pai semeou, qual
grão de trigo dos eleitos, o seu Filho Único.

Oh! Como um filho perfumado pelo bom odor de Maria
é bem acolhido por Jesus Cristo, Pai do século futuro! (Is 9, 6). Como se une rápida e perfeitamente a Ele! Já o demonstramos
mais demoradamente (nn. 152-168; 184 e 191-200).

212. Além disto, depois de ter cumulado de favores os Seus
filhos e fiéis servos, depois de ter obtido a benção do Pai celeste,
e a união com Jesus Cristo, conserva-os em Jesus Cristo e
Jesus Cristo neles. Guarda-os e vela sempre por eles, para que
não venham a perder a graça de Deus, e a cair nas ciladas do
inimigo: “Detém os santos na sua plenitude”, e fá-los perseverar
até o fim, como vimos (nn. 173-182).

Eis, portanto, a explicação desta grande e antiga figura
da predestinação e da condenação, tão pouco conhecida e tão
cheia de mistérios.


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